12 de abril de 2008

Dicas para quem malha na rua: como manter a auto-estima e a disciplina

SE VOCÊ ACHAR QUE O TEXTO SEGUINTE É MUITO LONGO, PULE A PRIMEIRA PARTE E DESÇA O CURSOR ATÉ O PONTO EM QUE SE INICIA O QUE REALMENTE INTERESSA: AS SEIS DICAS VALIOSAS PARA QUEM MALHA NA RUA.

Esse texto talvez se enquadre na categoria prestação de serviços. Já que elenca uma série de dicas, tem parentesco com o gênero guia/manual. Ao mesmo tempo, faz fronteira também com o gênero auto-ajuda, pois reúne conselhos, fundamentados na minha experiência pessoal, que podem perfeitamente ser adotados pelas leitoras fêmeas e, quem sabe até, pelos leitores machos, com as devidas adaptações, uma vez que predomina uma visão feminina do assunto em questão.

Sempre malhei num ambiente criado para tal finalidade e com acompanhamento de um (ou até mais de um) profissional. Numa época de vacas gordas (me refiro aqui ao aspecto financeiro), e justamente para não me tornar uma delas, cheguei até a recorrer aos serviços de um personal trainer, para poder entrar num vestido que eu já comprei bem justo, na esperança e sob a promessa de emagrecer. Ao contrário do que havia planejado, um ano depois de tê-lo inaugurado num casamento, eu me via na obrigação de afinar a silhueta se quisesse usá-lo novamente no casamento de outra amiga. Gostei tanto do trabalho do personal e dos resultados obtidos que, em vez das dez sessões que tinha acertado inicialmente, acabei fazendo aula com ele durante mais de um ano. Trata-se de um profissional muito sério e extremamente competente, mas, infelizmente, quando a grana apertou um pouco, foi o primeiro a dançar, como medida do plano emergencial de redução de custos.

Antes do Personnalité ― como sou cliente do Itaú e recebo dezenas de correspondências, com informes, promoções, extratos etc., minha mãe deu esse apelido ao meu treinador ―, já tinha feito de um tudo em matéria de atividade física. Até os 13 anos, freqüentava as aulas de educação física no colégio, que não eram muito estimulantes. Desde a infância, e mais ainda na adolescência, minha autocrítica era muito forte (na verdade, eu só gostava das coisas em que me destacava), e por isso não dei continuidade às aulas de dança moderna. Uma professora de dança disse para minha mãe que até minha “maria-mole” (devia ser algum exercício de aquecimento) era dura, portanto, era mais recomendável me deixar na dança moderna mesmo (acho que hoje chamam de dança contemporânea) do que me colocar no balé.

Nos esportes coletivos, eu era a mediocridade em pessoa. Desisti do volley, na primeira aula, no exato momento em que dei o primeiro saque: além de morrer na rede, este saiu completamente torto e sem rumo. Hoje penso e me comporto de forma totalmente diferente, mas, na minha megalomania adolescente, como eu tinha consciência de que nunca chegaria a ser autora de uma jornada no teto do ginásio de esportes (“jornada nas estrelas”, obviamente, não passava pela minha cabeça nem em sonho; apesar da megalomania, eu tinha discernimento crítico), preferi me poupar do vexame que o processo de aprendizado implicaria.

As aulas de educação física, mesmo com toda a sua mesmice, também tinham seus atrativos: um menino da sétima E (eu era da C), que eu paquerava, fazia aula no mesmo horário que eu. Mas, como tantas outras daquele tempo, a paquera ficou apenas no nível platônico. Nunca tive a oportunidade de fazer com ele um daqueles alongamentos que se faz em dupla, embora sempre colocasse meu colchonete não muito distante do dele.

Na oitava série, antes de completar 14 anos, me matriculei numa academia, e aquilo para mim foi a glória, afinal, até então, o fato de não fazer balé como minhas amigas, por pouco não virou um trauma e era motivo de inveja. Como as coreografias de aeróbica eram bem mecânicas, meu nível de coordenação motora era suficiente para acompanhá-las. No entanto, havia uma condição básica: eu tinha de ficar colada no espelho, ninguém podia ficar na minha frente; se eu fizesse a aula do meio para o fundo da sala, ficava feito barata tonta. Por isso, escolhia sempre os horários e as turmas das coroas, para não ter de enfrentar a concorrência das patricinhas marombeiras exibidas.

Eu só gostava dos exercícios aeróbicos e localizados; até hoje, nunca fiz musculação. Passei anos malhando em academia, desde o tempo em que “Sweet Dreams” era a música da vez e se usava fita cassete em vez de CD. Ainda cheguei a pegar a fase do início das aulas de Spinning e Body Combat. Na segunda modalidade, eu me divertia horrores com os golpes de luta que inspiravam os passos da coreografia, os quais eram sincronizados com efeitos sonoros que simulavam os ruídos de socos, chutes e afins. E sempre ria do ridículo alheio, ao ver as caras de mau que algumas criaturas faziam. As aulas de spinning também eram ótimas, mas sempre me rendiam ligeiras lesões no joelho.

Eu tinha uma colega de faculdade que era amiga do povo da Escola de Dança da Ufba e me apresentou à técnica de Pilates, que hoje é super conhecida, mas, em 1996, eram pouquíssimas pessoas que a ela se dedicavam. Foi amor à primeira contração de abdômen. Digo isso, porque só descobri como realmente se contrai o abdômen ― num movimento que chamam de “sorriso” ―, quando comecei a fazer Pilates. Aliás, é bem interessante o método didático de dar nomes metafóricos aos exercícios, para que, com a visualização mental de uma imagem, se adquira a consciência corporal necessária para a sua correta realização. E assim há o “sorriso” (para indicar a contração, principalmente, da região infra-abdominal), o “beijinho” (para indicar a contração do períneo e dos pequenos glúteos), a “asa” (para indicar o movimento de abaixar as escápulas), e por aí vai. Existem outros que têm um nome fantasia como forma de estímulo, por exemplo: um abdominal chamado “eu me amo”; um exercício de glúteo denominado “biquíni”; e outro que, além da região glútea, trabalha adutores e abdutores, apelidado de “Carla Perez”. É claro que algumas dessas denominações são bem regionais; em outros lugares do país, devem ter outros nomes, quando não são usados os nomes originais em inglês. Conheci um professor de Pilates, que é dono de uma academia no Rio de Janeiro, e, numa conversa, comentei do “beijinho”. Pela cara que ele fez, no mínimo, achou que aquilo era uma indireta e que eu estava dando em cima dele, o que também tinha lá seu fundo de verdade.

Fiz Pilates até começar as aulas com o Personnalité. Mas, ao longo desse longo período de tempo ― mais de dez anos ―, sempre procurei fazer uma atividade complementar, até como forma de quebrar a rotina. Adorava a natação, mas, quando comecei a notar que meus ombros estavam ficando largos demais e meus braços muito fortes, parei, porque acho que esses traços não combinam com a anatomia feminina. Aí veio a “fase dança”.

Com a idade e a maturidade decorrente da experiência, a gente acaba perdendo o medo do ridículo, principalmente se pagamos as nossas contas. Foi com essa visão que inventei de fazer dança afro. Como na minha turma havia uma gringa e duas coroas bem mais desengonçadas do que eu, diante delas, me achava a dançarina, apesar de não conseguir superar a dependência do espelho e realizar direito determinados movimentos de ombro, abrindo e fechando o peitoral. O ijexá e as coreografias dos orixás femininos, como Oxum e Iemanjá, eram até fáceis de dançar, mas, quando entravam os passos rápidos dos orixás guerreiros, como Ogum e Oxossi, aí o bicho pegava, e não tinha santo que fizesse baixar a freqüência cardíaca. As aulas tinham até música ao vivo, atabaques e agogôs, mas o professor saiu da escola de dança na Pituba e foi dar aula no Pelourinho, em uns horários de desocupado (esquema 10h da manhã, 4h da tarde), e eu tive de partir para outra coisa.

Em uma de minhas incursões e experimentações no campo da dança, fiz um curso de três dias, de Hip Hop, com um dançarino chamado Fly. Só fui saber que ele era coreógrafo de Xuxa e do programa de Luciano Huck depois que havia me matriculado. Tinha visto o cartaz no lugar onde eu fazia Pilates, e as aulas seriam numa escola de Jazz, cuja dona eu conhecia por já ter feito com ela aulas de Pilates, anos antes, numa outra academia. No momento da matrícula, fui informada de que havia turmas de iniciantes, alunos intermediários e avançados. Optei pela de iniciantes. A atendente ainda perguntou se eu não queria mesmo ficar na de alunos intermediários, mas eu interpretei aquilo como se ela estivesse achando que eu estava subestimando meu potencial.

Quando dei de cara com a turma, entendi que a observação dela era, na verdade, uma advertência. A aluna mais velha da sala tinha doze anos e a minha altura, as demais não batiam nem no meu ombro e tinham uma média de nove anos de idade, enquanto eu tinha 28. O professor era gente boa e engraçadíssimo, e fez de tudo para que eu me sentisse integrada. E a parte da aula de que eu mais gostava eram as maluquices e palhaçadas que ele nos obrigava a fazer, com o objetivo de diminuir a auto-censura no momento de aprender a coreografia. Quando ele começava a ensinar os passos de Hip Hop, aí eu tinha de me virar nos 30. E nem podia ficar colada no espelho, para não encobrir as crianças de nove anos. O pior é que acabei virando a mascote da turma, e o tempo todo era Crixxxxx (ele carregava no sotaque carioca) pra lá, Crixxx pra cá, Crixxx faz a contagem, vamos lá, Crixxx, vamos ver se todo mundo entendeu, Crixxx faz primeiro...

O curso foi de sexta a domingo. No sábado, fiz um reggae pesado, cheguei em casa às 4h da madrugada, e a aula de Hip Hop começaria às 8h, no domingo, e eu não poderia faltar. No final da manhã, dançaríamos a coreografia completa. Para meu desespero, vários pais e mães apareceram para assistir a suas filhas, e cada aluna teria de dançar a coreografia sozinha. No grupo, quando eu esquecia os passos, recorria a alguma menininha esperta que estivesse no meu campo de visão e imitava tudo, obviamente com um inevitável e quase imperceptível delay. Mas ali eu teria de dançar sozinha, completely alone, e sob o olhar de toda aquela platéia. A primeira a dançar a coreografia foi a mais nova da turma, que era 20 anos mais nova do que eu. E a segunda, fui euzinha minha pessoa própria. Tive alguns lapsos, mas acho que até consegui disfarçá-los, e, quando concluí a minha dança, os aplausos foram calorosos, muito provavelmente devido à minha coragem e cara de pau. Os comentários de algumas mães e das funcionárias da escola confirmavam a minha impressão. Vou lhe dizer: foi um mico gigante, King Kong vitaminado com Biotônico Fontoura, mas valeu a pena, até porque de pequena eu não tinha nem a alma nem a idade.

Depois daquela experiência, eu poderia enfrentar qualquer desafio e acabei me descobrindo uma grande bailarina no futebol. Isso por causa dos meus saltitos ao dominar a bola e por jogar com a coluna ereta, os braços erguidos num ângulo de 45 graus em relação ao tronco e a palma da mão aberta, na altura dos quadris. É questão de aerodinâmica: esse é o modo como meu corpitcho de avião (no meu caso, um avião da FAB ― Força Aérea Brasileira ― ; um dia ainda hei de chegar a Airbus, quiçá, a Concorde) mantém o equilíbrio. Todo mundo dá risada do meu estilo e da minha estética em quadra, e não há quem não reclame da forma como uso os tais bracinhos na marcação (nesse aspecto, me inspiro em Dunga quando era jogador da seleção brasileira. Pelo menos, no corpo a corpo, tenho a raça de Emmerson; por isso, além da chuteira, uso caneleira e tensor para proteger os joelhos e tornozelos). Jogo de ala e, na corrida, não faço feio; do resto, não posso falar o mesmo. No que se refere à garra ao jogar na minha lateral e à diferença de idade em relação à média da equipe, me igualo a Cafu. Fora isso, sou aquela jogadora que incentiva as colegas e levanta o moral do time. E meus gols são sempre os mais comemorados, justamente pelo princípio da raridade e porque sempre invento uma dancinha para honrar meu apelido de bailarina. Depois que comecei o Doutorado, ainda não arranjei tempo para voltar a jogar bola. E isso não é desculpa. A galera com que costumava jogar é tão fominha que as partidas são sempre intermináveis.














Quase ia me esquecendo de contar da "fase zen" da época em que me dedicava à Yoga. Quer dizer, nem era tão zen assim, pois não me tornei “fala mansa” (é como eu classifico aquelas pessoas que freqüentam restaurante vegetariano e falam devagar e baixinho, mesmo quando não estão numa galeria de arte ou num concerto de música erudita) e mal conseguia decorar os mantras que eram cantados antes de começar os exercícios e ao final da aula; apenas desfrutava do bem estar e do controle emocional que a prática proporcionava. Como eu fazia a modalidade ashtanga (a mesma que Madonna faz), suava mais do que no baba. No início, levei mais de um mês para perder o medo de fazer o shirshasana (posição equivalente a plantar bananeira) e até hoje não consigo fazer essa postura (esse é o termo usado na Yoga) sem o auxílio da parede. Lembro bem do dia em que tomei coragem e finalmente decidi que estava preparada para ficar de cabeça para baixo. A professora contou para a turma uma passagem que leu no livro de Nuno Cobra, treinador físico de Ayrton Senna, que dizia que este só deslanchou na sua carreira de piloto de Fórmula 1, após ter conseguido dar um salto mortal. O comentário da professora, pelo menos em mim, surtiu o efeito por ela desejado.

A partir desse meu amplo e diversificado histórico, vocês agora têm condições de imaginar o quanto tem sido difícil para mim enfrentar a solidão e manter a disciplina de malhar por conta própria na rua. Deixei de fazer as aulas com o Personnalité ao meu lado, mas continuo sob o acompanhamento dele, embora este se dê de forma virtual. Explico: o Personnalité toda semana me envia por e-mail uma planilha, prescrevendo os exercícios que tenho de fazer a cada dia, e cobra bem mais barato por esse serviço. Obviamente, não é a mesma coisa, mas já garante que eu faça os exercícios de modo eficiente, sem moleza ou exagero. É claro que ter o papelzinho ali dizendo o que tenho de fazer e como devo fazer (freqüência cardíaca mínima e máxima durante o treino, tempo de corrida, intervalos de descanso, séries de abdominais, exercícios de braço, agachamentos etc.), além de ter a obrigação de dar um retorno do que fiz para o Personnalité (até para que ele possa gradualmente aumentar o nível de dificuldade; afinal, sem evolução, não há solução), já funciona com uma cobrança que me ajuda a cumprir o treinamento físico conforme o que foi prescrito. Ainda assim, tive de desenvolver todo um planejamento estratégico para manter a disciplina e obter o ânimo necessário para fazer minhas atividades físicas de forma eficaz e prazerosa. E é isso o que pretendo compartilhar com vocês. Sigam os meus passos rumo ao um estilo de vida saudável e não se arrependerão.

SEIS DICAS VALIOSAS PARA QUEM MALHA NA RUA

1) Tenha um ídolo como referência e visualize seus objetivos

Nem tive de ler “O Segredo” para chegar à conclusão de que visualizar onde você quer chegar é fundamental para chegar lá. Essa frase foi de uma profundidade que Deus me perdoe, mas é preciso considerar que foi com frases como essa que “O Segredo” deixou de sê-lo e foi propagado aos quatro ventos, se tornando um best-seller no mundo inteiro. O meu segredinho deve ser utilizado particularmente nos dias em que por conta do tempo (tanto no sentido cronológico como climático) não dá para malhar na rua. O que faço eu quando isso acontece?

Como tenho uma esteira em casa, faço aquela caminhada sem sair do lugar. A dica para não cair no tédio profundo e desistir de seguir em frente (embora sem ir a lugar nenhum) é encontrar o ossinho do cachorro, a cenourinha do coelho e a sardinha do golfinho do Sea World. Parece viagem, mas ainda não endoidei por completo. Quem entende de behavourismo sabe do que estou falando. O esquema é simples (e por isso muitas vezes foi empregado de forma simplista): Estímulo-Resposta.

No meu caso, basta usar um DVD como estímulo enquanto me exercito na esteira. Coloco o DVD de Ivete e fico imaginando que com aquele exercício ficarei com uns pernões de abalar, sacudir, balançar o Maracanã (uma vez que a Fonte Nova, além de ser menor, depois de já ter sacudido, está totalmente abalada). Ou então assisto a um DVD de Shakira y me quedo piensando que voy a tener una barriga así como la tiene ella (ojos negros ya los tengo). Uma terceira opção é um DVD de Madonna. Esse me faz pensar que, quando eu chegar na idade dela, estarei shyny and new like a virgin.



Se você não tiver uma esteira em casa, coloque os DVDs e fique imitando as coreografias das divas da música, pois isso já queima umas calorias. Se não tiver DVD, aí, minha amiga, use a imaginação que ela tem poder. Esse é o segredo.

2) Chame uma amiga para malhar com você

Malhar com uma amiga é sempre bom, não só pela companhia. Por maior que seja a amizade, o espírito de competitividade é inevitável, isso é da natureza do ser humano, da ser humana, principalmente. Quando você, durante a corrida, já está botando os bofes para fora e avista a sua amiga leve e fagueira correndo na sua frente, vai tirar de dentro de si uma energia que nem sabia que ainda tinha, para concluir todo o percurso. “Se ela pode, eu posso” é o que você pensa, mesmo se não estiver podendo. E se por acaso ela também estiver na mesma situação, com os bofes para fora, e resolver parar, aí seu sentimento de frustração por não estar com o almejado preparo físico torna-se bem menor. E se isso lhe trouxer satisfação, você ainda pode dizer para ela: “Amiga, eu até agüentaria correr mais uns 15 minutos, mas parei para lhe fazer companhia”.

Só não vale esquecer a malhação e aproveitar que a amiga está ali, para fofocar. A regra é clara: cada uma corre com o seu mp3 no ouvido, e a conversa fica para a hora do alongamento final. Se a fofoca estiver acumulada, tomar uma água de côco depois da corrida, além de hidratar, é uma maneira de colocar o papo em dia. Exercício que queima calorias é aquele em que o esforço é tão grande a ponto de a pessoa não conseguir conversar. Isso é unanimidade entre os preparadores físicos.

3) O repertório musical do seu mp3 pode ser um ótimo aliado

Eu utilizo a seguinte seqüência musical para cada tipo de treino e etapa da malhação.

3.1) Para o momento do aquecimento:

É bom já começar com uma música animadinha e que faça com que você se sinta poderosa. O funk do MC Marcinho é excelente para esse momento inicial. A idéia é que, mesmo suada e de tênis, você se sinta glamourosa como uma rainha. Só assim você terá o ânimo necessário para adquirir um corpo de sereia que lhe possibilitará fazer parte do grupo de “mulheres saradas, lindas, deslumbrantes”. Bem excitantes serão os olhares masculinos quando você estiver em condições de empinar o popozão e agitar o salão.

3.2) Para a etapa da corrida:

Ficar sonhando e se achando é condição necessária, mas não suficiente. É preciso descer até o chão e encarar a realidade. Se a corrida for de resistência (aquela em que você mantém o ritmo e fica mais tempo correndo), vale a pena atravessar o túnel do tempo e colocar uma música como “Eye of Tiger” (da trilha sonora de Rocky não lembro o número). Na parte do “tam! tam, tam, tam! tam, tam, taaaam...”, você se enche de gás e dá a partida. Quando entrar a letra ― “risin' up, back on the street, did my time, took my chances” ―, aí é só manter um ritmo constante até a reta de chegada. Ao longo de todo o percurso, o pensamento deve ser um só: “I’m back on my feet, just a woman and her will to survive”.

Mas, se o treino for de velocidade, para ter pique, é necessário um tratamento de choque. Nesse caso, a trilha sonora de "Tropa de Elite" é o que há de melhor. Você tem de pensar que está num treinamento do Bope e que não pode desistir. É infalível! Você aperta o play, e o tiro de largada será a frase: “Agora o bicho vai pegar!”. Aí você sai correndo a toda velocidade e vai passando pelas pessoas como se estivesse vivenciando o que diz a música: “Eu tô! Que eu tô chegando, tô chegando e é de bicho, pode parar com essa marra, pode parando tudo isso...”. Só quando não tiver mais fôlego e mais perna, você para, descansa de um a dois minutos e começa tudo de novo. Bastam cinco séries como essa, e você atinge o nível de “aspira”. Para fazer parte da Tropa de Elite, é preciso muito mais do que isso.

3.3) Para o momento de voltar à calma, ao final do treino:

Se você fez tudo direitinho, chegou o momento de gozar do sentimento de meta cumprida. Enquanto você anda mais uns 10 minutos para recuperar o fôlego ― não é recomendável parar de vez, a volta à calma tem de ser progressiva ―, esse é o instante ideal para ouvir algo que levante a sua auto-estima, mesmo porque você merece que ela esteja alta depois de tanto esforço. A sensação de prazer e bem estar provocada pela presença em seu organismo das serotoninas produzidas durante a atividade física pode ser acentuada se você escolher a música certa. Você pode até não gostar do pagodão, mas garanto, por experiência própria, que faz um bem enorme para o ego ouvir Márcio Victor, do Psirico, cantando “ela é toda boa, toda boa, toda boa, ai, ai, ela é toda boa”. Para potencializar ainda mais esse efeito, você internaliza essa música no íntimo do seu ser, repetindo o refrão na primeira pessoa do singular. Se, depois disso, você, ao se aproximar do seu carro e ver seu reflexo no vidro, não se achar “toda boa”, aí, minha filha, vou ter de lhe dizer: você é problemática, você é problemática.

4) Malhar, na rua, principalmente, levanta a auto-estima

Bote uma roupa justinha, faça um rabo de cavalo e passe um batom antes de correr. Se você for ajeitadinha como eu, tenha certeza de que pelo menos um brau vai falar “Que sssssaúde!”, quando você passar por ele andando ou correndo. Basta um “gostosa”, independentemente da procedência, para você voltar para casa mais feliz do que saiu. E brau aqui em Salvador, na Barra, principalmente, tem uma criatividade que é brincadeira. Se um gatinho vier no sentido contrário, correndo também, e a luz dos olhos dele cruzar com os olhos seus, e ele, com o suor escorrendo sobre o corpo, der aquele sorrisinho, o dia, minha querida, já está ganho, mesmo se você não diminuir uma grama sequer depois da malhação.

5) Paquerar ajuda na atividade cardiovascular

A paquera faz bem ao coração não só nos casos como o que acabei de descrever. Os benefícios cardiovasculares estão mais do que comprovados. Se onde você malha tem sempre um gatinho ou outro malhando também, a lei natural é que você tente fazer bonito, e assim seu treino se torna mais proveitoso. Tenho um exemplo que pode ser usado como dado empírico para sustentar a teoria aqui defendida. Eu já estava na etapa de voltar à calma depois da corrida, tinha acabado de passar pelo Farol da Barra e achei melhor deixar para ouvir “Toda Boa” só depois de passar o Barravento, no momento de iniciar a subida do Cristo. Vinha andando, quando, de repente, me deparei com umas costas nuas, com o Polar (medidor de freqüência cardíaca) em volta delas, lindas, bronzeadas e suadas, que passaram por mim. Como o dono daquelas costas corria na mesma direção que eu andava, seria impossível verificar se o rosto dele correspondia à beleza de sua grande dorsal, dos músculos redondos maior e menor, rombóides, paravertebrais, trapézio e porção posterior do deltóide. Se eu estivesse no início da minha malhação, poderia aguardar a oportunidade de vê-lo novamente (é comum isso acontecer) quando ele estivesse fazendo o caminho de volta, aí ele viria na direção contrária, e assim eu poderia ver seu rosto e apreciar o peitoral. Mas, como eu já estava no fim das minhas atividades físicas naquele dia, não havia outra alternativa; a única maneira de ver a cara do rapaz seria dar um pique, ultrapassá-lo, ganhar uma distância dele, para que, quando ele passasse mais uma vez por mim, eu pudesse fazer a minha análise. Então, coloquei de novo o tema de "Tropa de Elite" no mp3 e dei o sprint. Cem metros depois, fui reduzindo a velocidade, e meu Polar indicava a freqüência de 180 bpm. Tirei os fones do ouvido, para poder escutar os passos dele, quando estivesse se aproximando. Não demorou muito, olhei para trás e pude constatar que o esforço tinha valido a pena: a página principal era tão boa quanto o verso.

6) Eleja algo como recompensa

Se você se comportou bem ao longo da semana, fez todas as tarefas estabelecidas e suou, de verdade, a camisa, merece uma recompensa. A minha eu já escolhi. Na sexta-feira, depois do corridão, tomo um banho de mar, ao cair da tarde, no Porto da Barra. Este com direito à champanhe. Afinal, toda conquista merece ser brindada!















5 comentários:

Anônimo disse...

Serra, assim dá até vontade de voltar a morar na "cidade" rs... Boas dicas, mas, no meu caso, o mergulho vai ter que ser na praia de Villas e a corrida no respectivo calçadão. Sua disciplina é invejável, me inspirarei nela. Já que as aulas de educação física também nunca foram o meu forte, preciso recuperar o tempo perdido!!!!! Beijos,
Fernanda

Eduardo disse...

Mais uma vez parabéns, mas neste conto descobri q existe mais coincidência, pelas fotos vi q conhece Lena, namorei a irmã dela...Muita coincidência, vai ver agente já se viu e não sabe....rs(se tiver msn manda aí q poderemos conversar mais...)
Abraço.

Cris disse...

Oi, Eduardo! Sei quem é você. Lembro de você ter ido para praia com a gente mais de uma vez acompanhando Susana. Esse mundo é pequeno!!!! Um abraço

Anônimo disse...

gostei do texto viu... nao te conhecia não. massa. é minha conterrânea. mas não conheço. massa. parabéns.

Cris disse...

Valeu, Henrique!