19 de maio de 2008

Coisa boa é amar

É meia noite, o exato momento em que se inicia o dia 19 de maio e começo a escrever esse texto. Devia me preparar para dormir, afinal sairei de casa daqui a sete horas, para o trabalho; ou então aproveitar que estou sem sono, para adiantar minhas leituras do Doutorado, pois foi para isso que bebi uma xícara de café, no jantar, com a intenção de me manter acordada.

Mas não estou concentrada para ler o livro de Milton Hatoum, o atual queridinho da turma de Letras. O domingo chuvoso, que já terminou, me deixou reflexiva, e por isso resolvi escrever um texto com cara de blog. Por texto com cara de blog, entende-se: um relato em tom confessional, próximo do gênero “diário íntimo”.

Isso talvez se deva ao fato de ter ficado grande parte do dia sozinha ― meus pais passaram o dia em Itacimirim ― e ao DVD de Frank Sinatra a que assisti enquanto comia o macarrão com molho de atum que fiz para mim. Não tenho vocação para cozinha (e isso não tem nada a ver com ranço feminista; admiro profundamente aquelas e aqueles que a têm), mas me recuso a comer, no almoço, produtos industrializados. Então, quando não tenho alguém que o faça por e para mim, prefiro preparar meus pratos.

Meu problema na cozinha é falta de timing, há sempre um momento em que fico baratinada, com a água do macarrão fervendo, as cebolas já ficando mais do que douradas, a lata de atum por abrir e os tomates a cortar. Aliás, cortar é o verbo que denota toda a minha impaciência e pouca habilidade na cozinha. Chega um instante em que me dá agonia cortar os pedacinhos de qualquer coisa, de forma que eles fiquem iguais e esteticamente adequados. Para mim, essa é a pior parte. Para compensar a ausência de um tempero especial, meu truque é usar pimenta (branca, do reino, calabresa ou um mix de todas elas). Eu gosto dos pratos que faço, mas jamais os prepararia para servir num jantar para convidados. O sabor da comida de minha autoria é semelhante à de restaurante a quilo: é da qualidade de comível, mas carente de um tempero diferenciado.

Boa parte das vezes em que cozinho para a minha pessoa, gosto de assistir a um DVD de Frank Sinatra, que é de meu pai. “My way” é a terceira música do DVD e, normalmente, coincide com os últimos momentos da minha refeição: “and now the end is near, and so I face the final curtain...”. No meu caso, a garfada final, geralmente, se dá ao som do refrão: “and more, much more than this, I did it my way”. E assim termino o almoço com a sensação de que foi melhor enfrentar as panelas do que comer uma lasanha da Sadia.

Sob essa atmosfera introspectiva provocada pela música de Sinatra e pela chuva que caía, decidi fazer a digestão na frente do computador, ouvindo outras músicas de que gosto. Entrei no Youtube e baixei um vídeo de Gal e Elis Regina, novinhas, cantando juntas “Estrada do Sol”, de Tom Jobim. Depois procurei Bethânia interpretando “Outra Vez”, de Roberto Carlos, e Marvin Gaye cantando “Sexual Healing”. Aí me lembrei da música “A natureza das coisas”, cuja letra traduz aquilo que estabeleci como lema em minha vida: “se avexe não, amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada”.

A primeira vez que ouvi essa música foi num filme brasileiro chamado “A máquina”. Junto com ela, também me veio a recordação de outra cena do filme, que, na ocasião, havia me chamado a atenção: um clipe dos “The Sconhecidos” cantando uma versão, digamos assim, bem cool, de “Dia Branco”. Até então, nunca tinha reparado na beleza da letra, pois sempre achei uma chatice ouvir a versão original de Geraldo Azevedo: “Se branco ele for / E esse canto / Esse tanto / Esse tão grande amor / Grande amor... / Se você quiser e vier / Pro que der e vier / Comigo...”.

O clipe, que no filme é anunciado pelo personagem interpretado por Paulo Autran, foi uma das cenas que mais me tocaram quando assisti ao DVD, mais de um ano atrás, numa noite de sábado, em que pude desfrutar daqueles bons momentos em que a solidão é bem vinda. E talvez essa passagem tenha me tocado esse tanto, não só pela música conhecida que me foi revelada de uma outra maneira, mas justamente devido à seqüência que a sucede, na qual Antônio, o protagonista do filme, declara para Carina, a mocinha, o amor que sente por ela. O texto é primoroso: “esse negócio que eu sinto, esse negócio de doido, que eu não encontro nome em nenhuma das palavras existentes e que não tem som nem letra escrita que explique como ele é exagerado”.

Carina pergunta onde ele leu aquilo, e Antônio responde: “eu nem li, nem decorei, nem sei repetir de novo, porque sentimento sentido de verdade não carece ser documentado em papel ou romance nem filme, pois não é da conta de ninguém, a não ser da pessoa que sente, além da outra responsável pelo afeto causado”.



A professora da disciplina "Representação literária" costuma falar que o que motiva a criação de um escritor é uma falta, a sensação de incompletude. E foi por esse sentimento que estou aqui escrevendo esse texto, embora ele não tenha grandes pretensões literárias. Ontem, por coincidência, um amigo justificava todas as insanidades que dizia, utilizando o seguinte pretexto: “me desculpem, mas é preciso botar para fora, exteriorizar. Se não, dá câncer”.

Seguindo esse sábio procedimento, venho aqui falar da carência de um grande amor pro que der e vier. É isso o que eu e minhas amigas solteiras tanto desejamos: não precisamos de um homem provedor, não queremos uma festa de casamento para dar uma satisfação à sociedade, não ansiamos pelo casamento em si, mas sentimos muita falta de alguém que nos faça experimentar "esse negócio de doido" que Antônio diz ter por Carina.

Se me arvoro à condição de porta-voz é porque sei que posso falar por mim e por elas. Somos mulheres felizes e nos sentimos realizadas em quase todos os aspectos de nossas existências, mas há essa incompletude que vem acompanhada do constante desejo de tentar preenchê-la com um amor.

E o amor que buscamos não é o da ficção, que, nas palavras de Antônio, é um “tal de amor que personagem finge, amor dessa qualidade que tem paciência até para esperar, entre um anúncio e outro, o voltamos a apresentar, para só então concluir o que tinha fingido que tinha começado”.

E o objeto desse tão sonhado amor está longe de ser um príncipe encantado; pode até ter “cara de leso”, como a de Antônio é classificada por Carina. Esse tal amor pode até prescindir de lindas palavras, como as que Antônio tão bem falou para ela, desde que seja “um sentimento sentido de verdade” tanto por nós como por aquele que há de ser o “responsável pelo afeto causado”.

Já é tarde, e preciso dormir, pelo menos, umas poucas horas. E o farei com a esperança de que amanhã (no caso, hoje) poderá acontecer tudo, inclusive nada. Coisa boa é namorar!


1 de maio de 2008

Por Cris, em Cris, com Cris. Viva Santo Exxxxxpeditôôô!!!!

Dia 19 de abril é Dia do Índio, Dia do Exército, aniversário de minha amiga Rebeca Muller e Dia de Santo Expedito, o santo das causas urgentes. Esse ano, nessa data, eu estava no Rio de Janeiro e fui com Marília, minha irmã, para uma missa, seguida de procissão, em homenagem ao santo, numa paróquia em Niterói. Lá, a festa do dia 19 de abril é tradicional, e a devoção a Santo Expedito é muito forte. Durante a missa, ouvi uma senhora dizer que aquela igreja em Niterói foi a primeira erguida, para louvá-lo, no Brasil. Se é verdade, só Deus mesmo para saber.

Mas você, caro leitor, assim como muitos de nosso convívio, deve estar se perguntando que diabos, com perdão da expressão herege, eu e Marília, acompanhadas de Leonardo (meu cunhado e marido dela), fomos fazer num evento como aquele. No meu caso especificamente, a questão parece ainda mais intrigante : o que leva uma pessoa que saiu de Salvador para passar um fim de semana prolongado (21 de abril, feriado de Tiradentes, caiu numa segunda-feira) no Rio de Janeiro, em pleno sábado de sol, cruzar a ponte Rio-Niterói, deixando para trás os agitos da Cidade Maravilhosa, e se meter no meio de uma comunidade periférica para rezar para um santo?

1- Por devoção, propriamente, não foi. Não tenho o perfil de beata nem de religiosa. Nem sei rezar o Credo; só domino as orações básicas: Pai Nosso e Ave Maria. E se não tiver um papelzinho com o roteiro para acompanhar, mal sei a ordem das intervenções que devem ser feitas ao longo da missa. Exemplo: o padre fala "Que o Senhor esteja convosco", e os fiéis respondem "Ele está no meio de nós". Sigo o fluxo e me guio pela intuição. Quando não sei o que falar, fico calada ou mexo os lábios fingindo que estou dizendo alguma coisa.

2- Por desespero, também não foi. Até tenho umas causas para serem resolvidas com urgência, mas não foram elas que me levaram a Niterói.

Sim, por que motivo então?

Resposta parcial: O mesmo que me faz, em Salvador, todo ano, desde 2005, sair do bairro da Pituba e ir para uma igreja na Estrada da Liberdade, no outro extremo da cidade.

Calma, não se impaciente, sei que isso ainda não responde a questão. A explicação é simples, e espero que seja convincente.

Não tenho muita afinidade com aqueles que insistem num discurso saudosista, lamentando a perda de algo que era bom no passado e que não existe mais. Para mim, vale o clichê, presente nos discursos pós-modernos, de que "a mudança é a única constante nos dias de hoje". Já que mencionei esta palavra, vale dizer que a idéia de "pra hoje" é o lema de Santo Expedito, como conta a matéria de capa sobre os "santos da crise", publicada na Revista Época, em 17 de maio de 1999. A reportagem começa assim:


"Ele era um guerreiro de elite do Império Romano. Comandava a XII Legião, uma tropa estratégica cuja missão era defender a província da Armênia das constantes invasões asiáticas. Fazia parte da categoria de soldados expeditus, assim conhecidos por usar armas leves e não levar bagagens para locomover-se com rapidez. Talvez por isso o comandante tenha passado para a História com o nome de Expedito. Era o fim do século 3, sob o império de Diocleciano, um perseguidor de cristãos. Mas Expedito e sua tropa seguiam a doutrina de Jesus Cristo, e por isso ele teve selada sua sentença de morte. Foi flagelado até a última gota de sangue e, em seguida, degolado.

Reza a lenda que, no momento de sua conversão ao cristianismo, apareceu um corvo que crocitou a palavra 'crás' (cras, em latim, significa amanhã). O soldado esmagou o pássaro esbravejando: 'Hodie' (hoje). O recado dessa imagem: não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Esse é o lema de Santo Expedito, o santo da hora. [...] a religiosidade popular o transformou num ícone graças a sua fama de solucionar problemas com presteza. Como se esmagasse um corvo por dia" (ÉPOCA, Edição 52, 1999).

Isso garanto que você não sabia: Santo Expedito não era do Bope, mas fazia parte da Tropa de Elite. Mas antes de me perder nessa digressão, eu estava comentando que acho meio nada a ver esse discurso sobre a perda de algo que era bom e se acabou. Exemplo: "Antigamente, os meninos brincavam na rua de 'amarelinha', gude e 'chicotinho queimado'; hoje as crianças só querem saber de videogame. As pessoas se reuniam na praça ou em volta de uma fogueira para jogar conversa fora e contar 'causos'; atualmente, ficam isoladas em suas casas assistindo ao Big Brother". Na moral, convenhamos que esse papo não convence! É a mesma coisa que querer que um jovem de hoje veja alguma graça nos filmes em preto e branco de Jerry Lewis ou de "O Gordo e o Magro" (se bem que eu ainda dou risada dos Trapalhões) ou achar o máximo gravar os últimos hits das paradas de rádio num toca-fita enquanto se pode fazer um download de músicas no E-mule para ouvir no Ipod.

No entanto, tenho de admitir que é a carência de um certo espírito comunitário, atualmente raro diante do individualismo moderno, que faz com que eu considere um programa interessante ir a uma missa em saudação a Santo Expedito e participar de uma procissão. Pude vivenciar essa sensação de uma experiência comunitária na primeira vez em que fui com minha irmã, no dia 19 de abril de 2005, à igreja da comunidade de Santo Expedito no bairro da Liberdade.

Marília se tornou devota do santo em função dos trabalhos da disciplina "Atelier", durante o curso de Arquitetura. O dono da cantina da faculdade, sabendo do desespero dos estudantes em final de semestre, colocava bem à mostra no balcão uma pilha de santinhos com a imagem e a oração a Santo Expedito, ao lado de um pacote de Arrebite (energético à base de guaraná em pó). Então, toda vez que o Autocad (programa de computador que os arquitetos usam para desenhar) travava, e Marília não fazia idéia de quando tinha salvo o arquivo pela última vez, o jeito era apelar para a intervenção urgente do santo. E o mesmo gesto se repetia inúmeras vezes: no momento de produzir a maquete; depois de varar a madrugada pelo segundo ou terceiro dia consecutivo; ao fazer a plotagem das plantas, horas antes de encerrar o prazo de entrega, etc., etc.

Marília, com o perfeccionismo que lhe é peculiar, levou um ano para concluir o TFG (trabalho final de graduação). Dá para imaginar o quanto o pobre do santo foi requisitado nesse período. No dia da apresentação do trabalho para a banca, ele estava presente, personificado numa imagem de 6 cm de altura, bem ao lado do computador e do datashow, para que não houvesse nenhum problema com o Power Point. Minha irmã foi aprovada com nota 10 e com louvor. Diante dessa graça, o santo merecia uma louvação especial. Marília descobriu que havia uma paróquia de Santo Expedito na Liberdade e resolveu ir até lá no dia 19 de abril, para agredecer ao seu santo protetor.

Como a Liberdade é um bairro mais periférico, e Marília não conhecia o caminho, pediu que eu fosse com ela. Como sou baiana de todos os santos, encantos e axé, topei na hora, porque minha devoção é como coração de mãe e elevador para quem usa Rexona, sempre cabe mais um. Não é à toa que um dia fui tomar passe num centro espírita de origem cabocla, e, no momento do passe, quando eu estava bem concentrada, o caboclo deu um grito e perguntou se eu tinha "as intuição". Falei que não, e ele disse que todas as respostas estavam dentro de mim. Achei aquilo profundo. Mas do que gostei mesmo foi o que o espírito falou na seqüência: "Echa minina, echa minina tem bom coração, por icho tem boa proteção".

Marília consultou o mapa de ruas de Salvador, anotou todas as coordenadas num papel, saímos de casa com uma hora de antecedência e chegamos na paróquia de Santo Expedito sem grandes contratempos (erramos o caminho apenas uma vez, já no final do trajeto). A igreja era pequenininha e estava lotada. Nós éramos as únicas que não estavam vestidas de vermelho. Havia umas camisas à venda, e resolvemos comprá-las para ficarmos mais integradas. As organizadoras da festa ficaram bastante contentes com a nossa presença; toda hora, uma vinha e nos dizia: "que bom que vocês vieram, depois da missa serviremos um mingau ali no largo, e a noite haverá procissão".

No meu imaginário, a figura de beata correspondia à representação de Perpétua em "Tieta do Agreste" ou então à das que, lideradas por Dona Pombinha Abelha, protestavam contra a existência da boate em que a personagem de Cláudia Raia trabalhava em "Roque Santeiro". Mas as beatas da igreja da Liberdade eram muito simpáticas, alegres e cheias de animação: cantavam todas as músicas e se empolgavam nas coreografias.

Até então, eu nunca tinha assistido a uma missa depois da Renovação Carismática e da moda lançada por Marcelo Rossi. Mas o padre Marcelo é uma mosca morta se comparado ao que rezou a missa no dia de Santo Expedito. Esse, sim, era um legítimo representante do swing baiano. Ao lado do altar, havia uma banda, composta de baixo, guitarra, teclado e bateria. E quem comandava o vocal e puxava o coro dos fiéis era o próprio padre. O pároco tinha presença de palco, era um verdadeiro showman. Boa parte das músicas tinha ritmo de reggae, e ele, ao cantá-las, balançava o corpo e a cabeça com fazem Pierre Onassis e Margareth Menezes. "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" ganhou um arranjo com batida de baião.

Mas o que sacudia mesmo a galera era o hino a Santo Expedito. "Quero ver todo mundo agitando esses raminhos, Viva Santo Expedito!!!", gritava o padre. Os raminhos eram folhas de EVA (não é Eva, mulher de Adão; trata-se de é-vê-a, etil vinil acetato, um material emborrachado), como a que a imagem de Santo Expedito carrega na mão, e foram distribuídos no início da missa. Para mim e Marília, eles tiveram uma outra finalidade, quando as câmeras da TV Aratu começaram a captar imagens para a reportagem que iria ao ar no jornal do meio dia.

Encerrada a missa, antes de irmos embora, as beatas organizadoras perguntaram se a gente poderia colocar nossos nomes num abaixo-assinado reivindicando a permanência do padre à frente da paróquia. O motivo nós imaginávamos, e, se a ameaça de tirá-lo de lá se devia ao que estavámos pensando, assinaríamos de bom grado. "Claro que sim, o padre é ótimo, a missa foi muito legal, adoramos", dissemos nos solidarizando com a causa delas.

Em 2006, Marília já estava casada e morando no Rio de Janeiro. Ela foi com Leo para uma missa no forte do Leme, organizada pelo pessoal do Exército. Eles eram os únicos jovens, e o padre ficou felicíssimo com a presença da "juventude" privilegiando o evento. E eu fui novamente à igreja da Liberdade, dessa vez, sozinha. Fui vestida com a camisa comprada no ano anterior, e as organizadoras me reconheceram, e fizeram questão de ir me cumprimentar e me dar as boas-vindas. Eu me lembrava de várias caras que estavam lá, da outra vez. Achei o padre bem mais comedido, embora a missa continuasse animada ao som da banda. Pensei em duas hipóteses para a mudança de atitude do padre-cantor: ou aquela tinha sido uma condição para a permanência dele na paróquia, ou, diante do episódio da missa espalhafatosa de Padre Pinto (vale a pena ver no youtube a reportagem que foi exibida no Jornal da Globo) ― que, na época, era um fato ainda recente ―, ele achou melhor se conter, para evitar qualquer tipo de comparação.

Em 2007, para minha surpresa, ao chegar no Largo do Guarani, encontrei a igreja fechada. Pensei logo: "não conseguiram manter o padre na paróquia, e, em função disso, não haverá missa". Conversei com algumas pessoas que estavam no ponto de ônibus e fiquei sabendo que a missa aconteceria numa casa localizada numa rua próxima dali. Fui até lá e não tive dificuldade de encontrá-la, pois o espaço onde a missa estava sendo realizada era tão pequeno que boa parte dos fiéis tinha de ficar do lado de fora. Até hoje não sei o que provocou a mudança de lugar, mas se percebia, pelo discurso, em tom de luta vencida, que aquela casa e a celebração da missa de Santo Expedito ali eram uma conquista do padre e da comunidade de fiéis. Num cômodo contíguo à sala onde ficava o altar, estava a imagem de Santo Expedito. Quando a missa terminou, todos se dirigiram até lá, para fazer seus pedidos e agradecer as graças por ele concedidas.

Eu assisti à missa da calçada, olhando pela janela, mas fiz questão de enfrentar o calor e a aglomeração de pessoas, para ir conhecer a nova morada do santo. O quarto era minúsculo, uma luz azul iluminava o ambiente, e as paredes estavam forradas com um tecido prateado. Se fosse contextualizar toda a história que originou o pedido que fiz a Santo Expedito naquela ocasião, gastaria muitas linhas. O que não posso deixar de dizer aqui é que ele foi prontamente atendido, beneficiando várias pessoas da minha família. Viva Santo Expedito! Viva!

Eu já estava com vontade de ir passar o feriado de 21 de abril, com Marília, no Rio. Quando lembramos que seria uma oportunidade de irmos juntas para a missa do Dia de Santo Expedito, imediatamente comecei a pesquisar os preços de passagem aérea. Provavelmente com a interferência do santo, consegui uma promoção excelente.

Marília tinha ouvido falar que a comunidade de devotos de Santo Expedito em Niterói era bem expressiva. Descobriu também que havia uma missa organizada pelo Devoto de Santo Expedito, na Penha. Ele tem um site, com vídeos e músicas, e emite um certificado de "Devoto de Santo Expedito", enviado por correio, para aqueles que preencherem os dados e desejarem recebê-lo. Marília, é claro, solicitou imediatamente a emissão de seu certificado. O acesso ao lugar onde ocorreria a missa na Penha era meio complicado e um pouco barra pesada, portanto Leo achou melhor irmos mesmo para Niterói. Marília ligou para lá para saber os horários da missa e da procissão, e para obter informações de como chegar ao local. A pessoa que atendeu a ligação disse que não seria possível estacionar perto da igreja, porque a festa atraía muita gente. Quanto aos horários, haveria missa durante o dia inteiro, e a procissão estava prevista para as 19h. Com o nome das ruas, tanto a da igreja como a outra onde deveriam deixar o carro, Marília e Leo ainda fizeram uma consulta no Google Earth, para não ter errada. Como os dois são bons de mapa e havia uma concentração de pessoas vestidas de vermelho no lugar, acharam, de primeira, a Rua 22 de novembro, que ficava próxima à igreja e por onde passaria a procissão.

Fomos a Niterói mais cedo, saímos de casa por volta de 11h da manhã, porque assim aproveitaríamos para visitar o teatro popular projetado por Niemeyer, o MAC, que também é projeto dele, e o Parque da Cidade, que fica no alto, tem uma vista maravilhosa e de onde são realizados vôos de parapente e asa delta. Mas naquele dia não havia vento, e ninguém estava voando.



Fizemos toda a programação conforme havíamos planejado e chegamos na igreja no horário da última missa, que começaria às 17h. A igreja ficava no topo de uma ladeira um tanto íngreme. De forma parecida ao que costuma acontecer nas imediações da Igreja do Bonfim, ao longo do caminho, o comércio de artigos religiosos comia no centro. Por toda ladeira, de cima a baixo, havia dezenas de barraquinhas, sendo que algumas delas vendiam comida e bebida. E eu e Marília nos rendemos ao assédio dos vendedores: compramos rosas vermelhas, medalhinhas e velas. Marília ainda comprou um maço de fitinhas idênticas às do Bonfim, só que com o nome de Santo Expedito. Acho legal comprar essas coisas, não só para entrar no clima, mas como iniciativa de distribuição de renda. O reino dos céus deve valorizar esse tipo de ação, mais pela contribuição à justiça social do que pela demonstração de fé.

Logo depois, tratamos de acender nossas velas diante da imagem do santo, num local específico para isso.


No momento, em que eu, no meio da rua, me preparava para tirar uma foto de Marília e Leo, em frente a uma barraca que vendia camisas, um carro veio subindo a ladeira, buzinando insistentemente, para que eu desse lugar para ele passar. Imediatamente, me afastei para o lado da rua e me surpreendi ao ver que o motorista do carro era o padre que rezaria a missa. Depois ficamos sabendo, durante o sermão, que ele veio, de carro, de São Paulo, especialmente para o evento, e havia acabado de chegar de viagem naquele instante em que passou por nós.

Com a chegada do padre, os sinos começaram a tocar indicando que a missa começaria logo em seguida.

A igreja estava lotada. Eu e Marília ficamos do lado de fora, bem posicionadas, em frente à porta lateral. Do nosso ângulo de visão, dava para ver o padre. Portanto, era bem melhor ficar ali, pois lá dentro não aguentaríamos o calor. Leo ficou mais afastado, pois podia a qualquer momento receber uma ligação do trabalho. Ao longo do dia, embora estivesse de folga, ele teve de resolver vários problemas por telefone. Aí eu digo e afirmo: Santo Expedito enviou para minha irmã um marido a sua imagem e semelhança. No que diz respeito ao aspecto físico, a semelhança era ainda maior, quando eles começaram a namorar: afinal, Leo tinha mais cabelo e era mais magrinho, como o santo. Quanto a atender as causas de Marília, meu cunhado, diversas vezes, desempenha fielmente o papel de intermediário dos desígnios de Expedito.

Gostei do estilo do padre: era jovem, assertivo em seu discurso, demonstrava preocupação social e vigorosamente incitava os fiéis a louvarem o santo das causas urgentes. "Viva Santo Exxxxpeditôôô!!!!!", repetia o tempo todo, com seu sotaque carioca. O ponto alto da missa, para mim, foi o momento em que ele se referiu à presteza do santo. "Meus amigos, a graça de Santo Expedito é para...", ele enunciava a frase incompleta, erguendo o braço e apontando o indicador na direção da multidão, para que os devotos respondessem numa só voz: "Hoje!". E eu mentalizava meus pedidos ao mesmo tempo em que engrossava o coro que gritava "Hoje!", a cada intervenção do padre.

A missa também tinha trilha sonora, banda ao vivo e coreografias, mas o padre de Niterói, embora também cantasse, era mais sério e tinha menos ginga do que o padre da paróquia da Liberdade. Mas numa música cujo refrão era "céus e terra passarão, só sua palavra não passará. Não, não passará... Não, não, não, passará", ele mandou ver na coreografia. Cada fragmento de frase correspondia a um movimento:

Céus = levantar braços e mãos para cima;

Terra = descer subitamente o braço flexionado movendo os cotovelos para trás;

Passarão = levantar os braços, com a plama da mão virada para trás, movimentando os dedos e flexionando o punho para trás, como o gesto feito pelos guardadores de carro quando dizem "venha, venha mais";

Só sua palavra não passará. Não, não, passará = balançar os antebraços de um lado para o outro (direita-esquerda, direita-esquerda, oito vezes) com a mão fechada e somente o indicador apontando para cima;

Não, não, não, passará = mesmo movimento anterior, marcando a pausa na passagem de um movimento para o outro, invertendo a direção (esquerda-direita, esquerda-direita, seis vezes) e aumentando a velocidade no "não, não, não", e diminuindo no "passará".

De música em música (o repertório era bem vasto, e cada letra repetia muitas vezes os mesmos versos, por isso eu e Marília conseguíamos facilmente decorar e acompanhar), sermão em sermão, vivas a Santo Expedito, Evangelho e tudo mais, a missa durou duas horas. Isso mesmo, duas horas!!! Nunca fui a uma missa tão demorada. Só para o padre benzer todo mundo, de dentro e de fora da igreja, foram, no mínimo, 30 minutos.

A uma certa altura, comecei a ter dor de cabeça e uma leve sensação de enjôo. Devia ser por causa do calor e pelo fato de eu não ter costume de ficar muito tempo sem beber água. Chegou então o momento da comunhão. Na época em que fiz aulas de catecismo para a primeira eucaristia, aprendi que só podia receber o corpo de Cristo quem confessasse e se arrependesse dos pecados, após ter o perdão de Deus, depois de cumprir a penitência estipulada pelo padre. Só me confessei uma única vez, um dia antes da primeira comunhão. Lembro que inventei umas coisas só para ter o que falar para o padre, pois não me lembrava de nada que eu fizesse que pudesse ser classificado como pecado. Disse que mentia, o que, na verdade, era a única mentira, pois não tinha esse hábito, pelo contrário, era a primeira a me entregar quando fazia algo de errado; falei que brigava muito com minha irmã, embora o considerasse uma coisa tão natural que não entendia como aquilo podia ser pecado; e comentei que, às vezes, tinha atitudes egoístas, o que também se explicava pela idade e pelo fato de ser a primogênita, com três anos e meio de diferença para a irmã caçula. Por aqueles pecadinhos, o padre mandou rezar três ave-marias e três pai-nossos, e eu achei um absurdo.

Eu até gostava das aulas de eucaristia, principalmente, pela socialização com os colegas. Alunos que na escola pertenciam a turmas diferentes assistiam juntos às aulas da catequese. E, ao final de cada aula, enquanto esperávamos os pais nos buscarem, fazíamos uma bagunça. Lembro de todo mundo, na entrada do lugar onde era dado o curso, cantando e batucando num carrinho de picolé da Kibon "Entrei de gaiato no navio", música dos Paralamas, que era sucesso na época. As músicas do Camisa de Vênus, "Eu não matei Joana D'arc" e "Sílvia Piranha", além de "Bichos Escrotos", dos Titãs, que ouvíamos e cantávamos no recreio do colégio, ao som de uma radiola vermelha, ali não faziam parte do repertório, por causa dos palavrões e por respeito a Jesus, Nosso Senhor. O mais importante é que eu absorvi os ensinamentos de Cristo, principalmente, o de amor ao próximo e o princípio do perdão. Não conheço direito nem ligo para os dogmas da Igreja, mas, como se percebe, tenho uma simpatia especial pelo ritual e pela experiência coletiva da celebração da missa.

Antes de iniciar o ritual da comunhão, o padre falou que os imperfeitos, entre os quais ele se incluía, poderiam e deveriam receber o corpo de Cristo, como forma de buscar o contínuo aperfeiçoamento. Diante dessa ressalva, eu e Marília interpretamos que estávamos aptas a comungar ainda que não tivéssemos confessado os nossos pecados. Como havia muita gente, o padre e os outros ministros de Deus se dividiram para distribuir as hóstias. Chegou a minha vez, e um dos ministros olhou para mim, com a hóstia na mão, estendeu-a em minha direção e falou "o corpo de Cristo", como se esperasse que eu dissesse algo. Eu não sabia o que dizer, balancei a cabeça num gesto que significava "pode me dar que eu aceito" e abri a boca para receber a hóstia. Na vez de Marília, ela disse "Amém", quando o padre lhe ofereceu "o corpo de Cristo", mas também não tinha certeza se era isso mesmo que devia dizer.

Pode até ter sido coincidência ou haver uma explicação científica para isso, mas o certo é que após receber "o corpo de Cristo" me senti muito melhor, a dor de cabeça e o enjôo passaram logo depois. Juro para você, se não fosse isso, não teria energia para, depois de duas horas de missa, aguentar mais de uma hora de procissão, descendo e subindo ladeira, e rezando o percurso inteiro.

Apesar da divisão de tarefas, a comunhão levou tanto ou mais tempo do que a benção; afinal, os ministros de Deus repetiam a mesma frase para cada fiel e aguardavam que este abrisse a boca, para só então colocar a hóstia lá dentro. Na benção, o padre usava um super pincel de pintar parede (observem que usei o termo pincel, para não se pensar que ele estava usando um rolo embebido de água benta) e um balde de água benta, ia passando rapidamente e molhando todo mundo.

Quando a missa terminou, o padre convocou os presentes a saírem da igreja, para dar início à procissão. À frente do cortejo, iam os sacristãos levando tochas e incenso; em seguida, vinham os que carregavam a imagem de Santo Expedito; atrás deles, a multidão de devotos, entre eles, eu, Marília e Leo. Eu e Marília, embora cansadas, acompanhávamos com fervor as rezas e as saudações a Santo Expedito.


Sobre a cabeça de Leo, como revelava sua expressão facial, pairava um balãozinho, como os das histórias em quadrinhos, imaginário, no qual se lia: “que porra estou fazendo aqui?”. Aí eu digo e afirmo: isso sim é demonstração de amor e lealdade. É a prova concreta do cumprimento do juramento feito no matrimônio: “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...”. Acrescente-se: “em show de Ivete Sangalo e na procissão de Santo Expedito...”. Amém!











Ao final do cortejo, vinham o padre e o carro de som ― um chevette velho e acabado―, por meio do qual ele fazia as pregações e incitava os fiéis a rezarem. Nunca rezei tanto em minha vida. A cada momento, as orações, sempre um Pai Nosso e uma Ave Maria, ou vice-versa, destinavam-se a um grupo específico: os jovens que precisavam se livrar das drogas, os desempregados, os doentes, os deprimidos, os idosos, as famílias etc.




O trajeto era o seguinte: a procissão saía da igreja, descia a Rua Lopes da Cunha, dobrava na Airosa Galvão, percorria a Rua 22 de novembro, que é enorme, e subia novamente a ladeira que descemos no início.

Antes do começo da subida da ladeira, já ao fim da procissão, o padre não tinha mais fôlego nem voz e passou o microfone para uma senhora. Nesse momento, fiquei morrendo de vontade de pedir o microfone para cantar o Hino a Santo Expedito que aprendi na missa da igreja da Liberdade e que, pelo visto, eles não conheciam. O hino é uma música para cima e bem animada, muito melhor do que a que foi cantada pela senhora com sua voz idosa e esganiçada. Mas não tive coragem de pagar aquele mico, mesmo porque havia um pedaço da música de cuja letra eu não me lembrava direito.

Leo já tinha atingido o limite máximo de sua extensa paciência e ficou no meio da ladeira, inclusive para fazer uma ligação para resolver mais um problema de trabalho. Eu e Marília seguimos até o final: presenciamos o momento em que a imagem foi recolhida à igreja e participamos de uma nova benção feita por outro padre.

Se você chegou até aqui, meus parabéns! Isso mostra uma persistência e resistência iguais ou maiores do que as que tivemos no Dia de Santo Expedito, enfrentando duas horas de missa e mais uma, de procissão. Espero que, diante de tamanho esforço, você tenha encontrado alguma recompensa. Após esse longo e pormenorizado relato, se pode perceber (não sei se você compartilhará da mesma percepção) quão rico é viver uma experiência como a que foi aqui narrada.

O que me motiva a incluir experiências como essa na minha história de vida é algo, de certa forma, semelhante ao que me fez querer: voar de paraglide, em Arraial D’Ajuda; fazer um mergulho de cilindro, em Fernando de Noronha; saltar de pára-quedas, na Ilha de Itaparica; fazer uma trilha de quatro dias, andando cerca de 11 horas por dia, dormir, sem tomar banho, numa barraca, a quatro graus abaixo de zero, antes de chegar em Machu Picchu; me vestir de Cinderela, junto com minhas amigas vestidas de Branca de Neve, Bela (a da Fera) e Alice (a do País das Maravilhas), e levar brinquedos, alimentos e diversão para crianças com câncer etc. Ou seja: a necessidade de sair da rotina e experimentar sensações diferentes.


A rotina sempre me foi nociva, desde criança. Como durante a nossa infância morávamos em casa e não tínhamos a oportunidade de brincar e jogar conversa fora com os amigos do prédio no playground, como faziam nossos colegas que moravam em apartamento, eu e Marília tínhamos de inventar o que fazer, para não sucumbir ao tédio. Uma vez pegamos a receita de churros de um cara que os vendia na porta do colégio, e, como não tínhamos a máquina apropriada para dar forma à massa, nossos churros ficaram horrorosos. Então, para dar um colorido aos bolinhos amorfos, resolvemos colocar, na massa, anilina verde e amarela, que minha mãe tinha comprado para decorar o último de nossos bolos de aniversário. O gosto também não tinha nada a ver com o dos churros que comíamos no recreio, e a receita recebeu o nome de “churros de Sarney”. Além da referência às cores que simbolizavam o nosso país, os churros eram tão ruins quanto o governo do primeiro presidente da República pós-ditadura.

Houve um dia em que resolvemos fazer um piquenique no jardim da vizinha. Essa nos expulsou de lá e nos perguntou rispidamente por que escolhemos o jardim dela e não o da nossa casa como local para o piquenique. Para nós, a resposta era óbvia: porque queríamos fazer uma coisa que fugisse ao habitual. A partir daquele dia, a apelidamos de “vaca rabugenta”, mas, como éramos crianças, não tínhamos noção da conotação pejorativa que hoje sabemos que o termo “vaca” tem.

Uma vez decidi fazer uma pesquisa de opinião. A arrumadeira da nossa casa era fã de Amado Batista, e eu defendia que somente ela gostava daquelas músicas de corno. Para tirar a teima, peguei um caderno e de cima do muro, gritava e perguntava a todo mundo que passava na rua: “Você gosta de Amado Batista?”. Era final de tarde, o horário em que os estudantes do Colégio São Paulo e os operários que trabalhavam no bairro do Itaigara, nas obras das redondezas, voltavam para suas casas. Como o número de operários que passaram pela porta da minha casa foi bem maior do que o de estudantes, a empregada lá de casa ficou toda feliz com o resultado da pesquisa, que mostrava que eu estava errada quanto à popularidade de Amado Batista.

Mesmo guria, um dia consegui parar a construção de um prédio em frente à minha casa (este estava sendo erguido na rua de baixo; e entre essa rua e a minha, existia uma área de mata verde, que separava minha residência do então futuro prédio). Havia um escorregador no meio do jardim da minha casa. Do alto dele, comecei a cantar “Como uma deusa”, imitando os trejeitos de Rosana. O vento era favorável e levava o meu canto até a obra. Ao final, todos os operários, que haviam parado o serviço para me assistir, aplaudiram a minha performance.

Outra coisa que fazíamos com freqüência, quando eu já era adolescente, Marília ainda não, era colocar músicas clássicas nas alturas, como “Bolero de Ravel” e “Carmina Burana”, e sair pulando e dançando pela casa e pelo jardim. Para mim, particularmente, aquilo era um ótimo remédio anti-monotonia.

Fernanda, minha amiga, deve se lembrar do dia em que me emprestou um vestido (eu tinha ido para casa dela direto do colégio e não tinha levado roupa) para irmos ao Shopping Barra. Como em mim o vestido ficou parecendo roupa de grávida, amarrei uma almofada na barriga e fui assim para o shopping, para nos divertirmos com a minha encenação de gravidez na adolescência. Como parte dos atos da minha comédia, tirei uma foto no meio da seção de bebê na ala infantil da C&A, entrei numa loja para perguntar o preço de um berço e disse à funcionária da McDonald’s que estava com desejo de comer um McChicken.

Creio que esses antecedentes também ajudam a explicar o que muitos não entendem: que graça vemos eu e Marília em participar de um evento como ao que fomos em Niterói no dia 19 de abril. Por fim, com a publicação desse texto aqui no blog (obedecendo à orientação que acompanha a oração a Santo Expedito publicada no verso dos santinhos que são distribuídos aos milhares pelos féis cujos pedidos foram atendidos), eu já agradeço antecipadamente a graça que Santo Expedito há de me conceder, com a prontidão que o caracteriza, retribuindo com a propagação de seu nome para todos que têm fé. Viva Santo Exxxxpeditôôô!!!!!